A 1ª Temporada de Round 6 é boa? Bora descobrir!
Se tem algo que consegue produzir fenômenos em diferentes períodos dentro da cultura pop, são as séries de televisão ou streaming. Volta e meia, alguma obra captura os espectadores e até mesmo aqueles que jamais havia acompanhado algo do gênero se tornam alvos dos episódios, temporadas, passam a comentar, e indicar o que estão assistindo. Foi assim, com Game of Thrones, Lost, La Casa de Papel e agora, a mais nova sensação, ‘Round 6‘!
Desta forma, o dorama que chegou na Netflix trazendo uma competição mortal em busca de uma quantia absurda, já acumula uma legião de fãs, sem contar que a procura por produções coreanas também tem aumentado. Mas será que ‘Round 6’ é tudo isso mesmo ou apenas um acerto do algoritmo na conta dos assinantes da locadora vermelha? Talvez não tenhamos a resposta imediata, porém o fato é que de tempos em tempos um gênero se populariza!
Fale Mais Sobre Isso
Seong Gi‑Hun deve muito dinheiro ao banco e a agiotas. E mesmo quando a sorte parece mudar, acaba perdendo tudo de novo. Isso está agravando sua situação, principalmente pelo fato de sua filha estar se mudando com a mãe e o padrasto. Logo, Gi-Hun é convidado para um jogo e ao aceitar participar se vê em um local com outras 455 pessoas. Ali eles terão que vencer cada um dos desafios não só para levar uma quantia que vale bilhões, mas principalmente para sobreviver a cada nova partida mortal!
Que os jogos comecem!
Em 1999, Koushun Takami publicou o livro ‘Battle Royale’ contando a história de um grupo de estudantes que precisa lutar entre si em uma ilha até que sobre apenas um. Não demorou muito para que a narrativa ganhasse uma adaptação, e nos anos 2000, o filme contando a trama dos jovens batalhando até a morte chegou aos cinemas japoneses. Já em 2008, Suzanne Collins lançou ‘Jogos Vorazes’, adaptado para o cinema em 2012, se tornando uma das maiores franquias inspiradas na literatura e fazendo Katniss Everdeen uma das personagens símbolos quando o assunto é se opor a algo totalitário.
Enfim, chegamos à 2021, e pelas mãos de Hwang Dong-Hyuk, ‘Round 6’ (Squid Game no original) apresenta uma história que referencia não apenas as obras citadas anteriormente, mas adentra a cultura da Coreia do Sul e das brincadeiras infantis, as colocando dentro de uma dinâmica repleta de violência e com um discurso afiado para os dias atuais.
Para que tudo isso funcione a direção consegue dosar entre as sequências dos jogos e os acontecimentos da vida dos personagens. Essa mescla faz com que fiquemos surpresos já com o primeiro episódio e nos faça abraçar a curiosidade para entender o porquê aquelas pessoas foram selecionadas para estarem naquele local. Com disso, o diretor dá a intensidade necessária para os momentos de ação, com visceralidade, sangue jorrando, corpos sendo mutilados e o foco na expressão de seus atores para que demonstrem o impacto da história. Em contrapartida, realiza com assertividade os instantes de respiro, estabelecendo arcos que servirão para fomentar ainda mais a captura do espectador até os minutos finais.
Além de tudo isso, cada etapa da competição é inventiva! Ao usar os jogos que as crianças faziam em seu dia a dia, as arenas emulam em suas disputas os elementos de cada uma das brincadeiras. “Batatinha Frita, 1,2,3” é o massacre em tela de boa parte dos competidores! “Colmeia de açúcar” muda completamente a atmosfera em sequências carregadas de apreensão. Sem contar a brutalidade no “cabo de guerra” e na “ponte de vidro”! E para auxiliar esses elementos, os cenários são estilizados, coloridos, e até mesmo discrepantes em relação aos resultados dos jogos. É como se um humor sarcástico e cruel estivesse presente em todo o design de produção, o que faz completamente sentido quando passamos a entender o que levam os realizadores da competição a tudo àquilo.
Logo, engana-se quem pensa que os episódios se arrastam ou ficamos presos à uma mera disputa.
Ao passo que os competidores diminuem, a tensão aumenta, a ponto de uma grande chacina acontecer e isso realiza uma mudança completa nos personagens que estamos vendo. Os dramas ganham maior peso e as relações são colocadas em tela por linha fina de confiança. E assim, cada vez mais, você se vê preso a história!
“Batatinha Frita, 1,2,3”
As obras já citadas e ‘Round 6’ possuem algo em comum, o “espetáculo” através da humilhação e morte de outros, para que uma parcela se sinta confortável e entretida com aquilo (Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência). Desta forma, quando vamos adentrando os arcos dos personagens, vamos entendemos suas motivações, dores e anseios que os levaram a escolherem continuar jogando algo que os poderá tirar a vida.
Assim, um homem procurado por fraude, um imigrante buscando uma vida nova, uma refugiada tentando unir a família, um senhor à beira da morte e um pai sem condições de criar a filha e repleto de dívidas, são nossos guias. Essas figuras são acompanhadas de perto, e ao passo que suas ações surgem em tela, entendemos que nem tudo é monocromático em seus sentimentos. Pelo contrário, onde há benevolência, há também crueldade. Onde há amizade, há também sagacidade.
Onde há a mão amiga, há também a violência! E neste sentido, quanto menos pessoas estiverem disputando a cada nova rodada, melhor será para todos! Essa construção textual onde pessoas são levadas à morte na busca por algo que não teriam condições de alcançar, aproveita para tratar dos aspectos mais cruéis e animalescos do ser humano. Um ganho para o roteiro, considerado por muitos “simples demais”, contudo, nada simplório nas camadas que vai estabelecendo até os episódios derradeiros!
Talvez um dos momentos que pode diminuir o ritmo e até o interesse pela produção, seja a investigação policial. Repleta de facilitações e acontecimentos, o jovem detetive entra e sai de locais facilmente, e os mistérios ganham um tom simplório à medida que vão sendo revelados por ele.
Dito isso, a história de ‘Round 6’ consegue transitar entre os enigmas de um thriller, o drama atrelado a crítica-social, ao mesmo tempo que leva cativo quem assiste! O que torna a obra uma boa entrada o universo dos doramas. E por mais que existam àqueles, ou àquelas, que estufem o peito para dizer que já estavam por aqui aos recém chegados, a popularização de uma obra cultural como esta, expande a gama de fãs e faz com que novas narrativas conquistem ainda mais espectadores. Para felicidade de muitos, e ira de quem não entende o conceito de “cultura pop”!
‘Round 6’ se torna uma daquelas produções fenômeno que consegue conquistar o grande público ao mesclar elementos já conhecidos de outras obras, mas principalmente se tornando atrativa a cada nova episódio, seja pela construção de seus personagens ou pelo mistério de como tudo está acontecendo. Deste modo, a obra é uma ótima “porta de entrada” para o universo dos doramas, ao mesmo tempo que a sua popularização torna ainda mais conhecido um gênero já apreciado por muitos!
E vale a pena Assistir?
Ao final, “Batatinha Frita, 1,2,3” já virou brincadeira entre as crianças e os uniformes devem ganhar destaque entre os cosplayers, e até num próximo carnaval, ou seja, a cultura pop realiza com maestria o alcance de uma história de maneira exponencial e arrebatadora. Para alegria daqueles que torcem para uma nova temporada, e para a tristeza de quem torce o nariz. E entre vitoriosos e derrotados nesse quesito, quem conquista ainda mais espaço são os doramas!
A 1ª Temporada de Round 6 está disponível na Netflix.
A 2ª temporada de Round 6 estreia em 26 de dezembro na Netflix
Ao final, "Batatinha Frita, 1,2,3" já virou brincadeira entre as crianças e os uniformes devem ganhar destaque entre os cosplayers, e até num próximo carnaval, ou seja, a cultura pop realiza com maestria o alcance de uma história de maneira exponencial e arrebatadora. Para alegria daqueles que torcem para uma nova temporada, e para a tristeza de quem torce o nariz. E entre vitoriosos e derrotados nesse quesito, quem conquista ainda mais espaço são os doramas!