O Eternauta entrega o que muitas produções pós apocalípticas apenas tentam!
Existem obras que são consideradas quase impossíveis de serem adaptadas. E ‘O Eternauta’ é uma delas. O risco de fazer algo complemente distante do que é apresentado nas páginas clássicas era enorme, mas as atualizações, os contextos e a forma como essa produção da Netflix realiza, chega ser uma aula do quanto é possível utilizar o texto original de forma competente.
Logo, ‘O Eternauta’ consegue entregar o que produções pós apocalípticas apenas tentam. A tensão se torna o condutor que ao longo de seis episódios nos deixam atentos, apreensivos e imersos nessa história que vai ganhando novas camadas, nuances, e mistérios, de forma dinâmica, precisa e bem realizada. E se as produções estadunidenses gostam de um caos pós desastre, os caminhos entre a nevasca tóxica latino-americana são percorridos ensinando como uma história nestes moldes deve ser contada.
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Em uma noite de verão em Buenos Aires, uma misteriosa e mortal nevasca começa a cair, dizimando milhões de pessoas. No entanto, a tempestade não é um fenômeno natural, mas sim o primeiro ataque de uma força alienígena invisível, que dá início a uma invasão da Terra. Juan Salvo, um dos poucos sobreviventes, se vê diante da missão de liderar um grupo em meio ao caos, enfrentando tanto o imenso frio quanto a ameaça extraterrestre, enquanto busca sua filha desaparecida.
Uma forma exímia de conta história
Criada por Bruno Stagnaro, adaptado dos quadrinhos clássicos de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López, que foram publicados originalmente entre 1957 e 1959, esta é uma produção acima da média na Netflix.
O cuidado de Stagnaro não apenas com a atualização, mas com a construção dos perigos, revela um olhar de quem conhece a obra que está trabalhando, ao mesmo tempo que sabe como criar cenários que deixarão os seus espectadores cada vez mais curiosos, e amedrontados. Como na sequência em que uma família inteira está morta na beira da piscina, ou o ataque dos alienígenas a uma igreja que servia de abrigo.
Com isso, a direção vai nos revelando os perigos, os dilemas e os conflitos que surgem de forma dinâmica, bem executada e ágil. Não há arcos que poderiam causar uma quebra no ritmo, ou personagens que ocupam a tela em demasia sem entregar nada. Tudo é realizado para que venhamos a entender, ou não, o que ronda cada uma daquelas figuras.
Assim, entendemos que a neve que cai é apenas um ponto dessa história que serviu como uma grande alegoria para falar sobre governos totalitários, ditaduras, e golpes militares, já que os perigos ganham novos contornos à medida que a narrativa avança pelos episódios.
De igual modo, nada disso seria possível sem a presença de Ricardo Darín que faz de seu Juan Salvo um herói em meio ao caos nada convencional. Ele erra, toma decisões em proveito próprio, mas no fim de tudo, acaba pensando no coletivo, e esse é o ponto central dessa história.
Logo, ‘O Eternauta’ entrega o que muitas produções pós apocalípticas apenas tentam!
A união como sentimento
Como o texto original se pautava na crítica às ditaturas que se erguiam pela américa latina, uma atualização se faria necessária, mas sem perder a essência, e assim, a união, a cooperação e o coletivo se tornam os sentimentos que movimentam a história.
Tudo é pensado de forma única, ainda que um ou outro tome decisões que a princípio pareçam individuais, contudo o resultado é uma surpresa de modo que entendemos o porquê daquilo ser feito.
Obviamente que em meio ao caos de um mundo em destruição os conflitos irão existir, e quando ganham forma em cena, também servem para novos mistérios sejam mostrados, tomando novamente a atenção do espectador de assalto.
Pois quando pensamos estar diante de um certo perigo, novos surgem, com outras formas, jeitos, e muito mais próximos do que se imagina. E não, por mais que seja uma série da Netflix, ‘O Eternauta’ não entrega todas as respostas de bandeja, muito menos constrói arcos desnecessários apenas para ocupar tempo de tela.
Assim, como apenas uma parte inicial da HQ clássica foi adaptada, há muito a ser revelado, percorrido e para ser combatido. Ainda bem que uma 2ª temporada já foi confirmada!
E vale a pena assistir?
‘O Eternauta’ consegue entregar o que produções pós apocalípticas apenas tentam. A tensão se torna o condutor que ao longo de seis episódios nos deixam atentos, apreensivos e imersos nessa história que vai ganhando novas camadas, nuances, e mistérios, de forma dinâmica, precisa e bem realizada.
E se as produções estadunidenses gostam de um caos pós desastre, os caminhos entre a nevasca tóxica latino-americana são percorridos ensinando como uma história nestes moldes deve ser contada.
‘O Eternauta’ está disponível na Netflix!
- Veja também: Crítica de Premonição 6
O Eternauta consegue entregar o que produções pós apocalípticas apenas tentam. A tensão se torna o condutor que ao longo de seis episódios nos deixam atentos, apreensivos e imersos nessa história que vai ganhando novas camadas, nuances, e mistérios, de forma dinâmica, precisa e bem realizada.
