Cilada da Netflix acerta e erra na mesma proporção! Leia nosso Review!
No primeiro momento, devo admitir que Cilada apresenta um mistério muito intrigante e que, de certa forma, qualquer pessoa pode se interessar e até se conectar rapidamente, gerando muita expectativa já nos primeiros minutos, visto que começamos com um primeiro episódio muito interessante até sua primeira metade.
Uma jornalista investigava, à procura da solução do mistério por trás da identidade de um abusador que utiliza um jogo on-line para atrair as crianças que faz de vítimas! Enquanto isso, acompanhamos a história de outras crianças que parecem viver uma vida normal. Mas entre festas, amizades e ligações suspeitas, o mistério segue no ar.
Quem será a próxima vítima?
Como encontraremos esse abusador? A série nos responde tudo isso, mas sem dúvida, não tão bem quanto você imagina.
A série nos apresenta a trama inicialmente de forma imersiva e com mistérios que poderiam ser muito bem desenvolvidos. Mas se você acha que todos os seis episódios serão assim, você tá enganado.
Infelizmente, essa imersão e os mistérios param na metade do primeiro episódio, visto que, já muito cedo, a obra abusa da suspensão de descrença, dando respostas fáceis e rápidas para que a protagonista consiga solucionar os problemas apresentados durante a investigação — além do fato de abandonar boa parte da história que a fazia ser cativante nos primeiros minutos.

Com tantos mistérios, Cilada flerta com o suspense, mas mais parece uma novela mexicana. Muitos personagens apresentados abruptamente, em contextos mais abruptos ainda, principalmente na segunda metade da série. Muitos personagens mal aproveitados, com cenas, decisões e ações completamente sem sentido ou sem importância para a trama. Um romance que começa sem sentido e termina mais sem sentido ainda. Um departamento de polícia que, mesmo se tratando de uma série, faz você se questionar se a polícia realmente agiria de maneira tão… burra.
Apesar dos personagens mal aproveitados, a qualidade das atuações nos mantém engajados — afinal, este é um ponto ao qual só tenho elogios. A indignação, preocupação, ansiedade, raiva e outros sentimentos dos personagens são muito bem transmitidos para quem assiste. Atuações boas, com uma direção tão boa quanto.
Mas qual é a principal qualidade da série? As dúvidas que ela gera enquanto você assiste.
E qual o maior problema da série? As respostas sem sentido que ela apresenta cinco minutos depois das dúvidas. Imagine quantas dúvidas — e quantas respostas sem sentido — temos em seis horas.
Ainda assim, indico a série para você que gosta de tramas investigativas e quer algo curto para assistir no final de semana. Sem dúvida, é possível se divertir com a série, seja porque você realmente gostou do roteiro, ou porque gostou da história que sua imaginação criou na sua cabeça, e que pode, sim, ser melhor do que o que foi apresentado.

No geral, Cilada possui ideias boas, mas com uma execução que deixa muito a desejar. Imagino eu que o livro no qual a série foi baseada deva apresentar melhor certos trechos da trama, visto que, a partir da segunda metade da série, a forma como o enredo segue lembra bastante a de um livro: desde os flashbacks, a apresentação de personagens estereotipados e suas relações.
Mas transformar isso em uma obra audiovisual requer mais do que simplesmente uma boa ideia e boa direção — afinal, nossa imaginação de leitor dá espaço aos olhos de um telespectador, que espera ser surpreendido, ao invés de só imaginar o quão boa a série poderia ter sido.
Cilada está disponível na Netflix com 6 episódios.
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