Alma do Deserto é Uma Obra Sensível
Há histórias que não cabem em moldes tradicionais — e Alma do Deserto, da diretora Mónica Taboada-Tapia, é uma delas.
Mais que um filme, é um ato político.
A obra, rodada em La Guajira, região árida da Colômbia habitada pelo povo Wayúu, mistura realidade e encenação para contar a jornada de Georgina Epiayú, uma mulher transexual indígena cuja vida é uma batalha contra a invisibilidade. Ela luta para ser reconhecida oficialmente como mulher.
Além de abordar a luta de Georgina, o filme também destaca as dificuldades enfrentadas pelo povo Wayúu, como a poluição de seus recursos naturais e o acesso limitado a direitos básicos.
Se você gosta de obras que retratam a realidade, prepare-se pra algo ainda mais cru — e real.
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Sobre Alma do Deserto
Alma do Deserto acompanha Georgina Epiayú, uma mulher transexual do povo indígena Wayúu, na Colômbia, em sua luta para obter um novo RG após seus documentos serem queimados em um ataque transfóbico. Sem identidade legal, ela não pode votar, trabalhar formalmente ou sequer garantir que seu corpo será reconhecido como mulher quando morrer.
Georgina não é uma atriz, mas uma mulher real que luta pelo seu reconhecimento. Na Colômbia, desde 2015, é permitido mudar nome e gênero em documentos sem exigência cirúrgica. Na prática, porém, burocratas criam obstáculos, especialmente em regiões indígenas.
Taboada-Tapia também não é apenas cineasta, mas antropóloga. Ela usou o filme para denunciar a mineração ilegal que secou rios Wayúu, tema que aparece em diálogos breves, mas contundentes.
Alma do Deserto foi reconhecido internacionalmente, vencendo o prêmio Queer Lion no Festival de Cinema de Veneza, que destaca o melhor filme com temática LGBTQIA+.
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Vale a pena assistir?
Alma do Deserto é corajoso, mas falha em alguns momentos em quase subestimar seu público!
Cenas importantes, como o incêndio que destruiu os documentos de Georgina, são mencionadas, mas não temos alguma encenação ou lembrança visual, o que acaba perdendo o impacto emocional.
O início do filme pode parecer um tanto desorientador, com cenas caóticas e diálogos que se sobrepõem, criando uma sensação de confusão proposital. No entanto, à medida que a narrativa se desenvolve, a história ganha clareza e profundidade, fluindo de maneira mais orgânica. Aos poucos, os conflitos e motivações da protagonista vão sendo revelados, mesmo que a estética visual simples e crua não ofereça muitos recursos para complementar a narrativa.
Essa simplicidade técnica, porém, acaba reforçando a autenticidade e a urgência da história, mostrando que, às vezes, menos pode ser mais.
Alma do Deserto está em cartaz nos cinemas!
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Alma do Deserto é uma história autêntica, urgente e corajosa que merece, e precisa, ser contada!
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Ótimo